Segundo a fã page oficial da Lana no VK: Lana Del Rey, a cantora estampou a capa da revista francesa Grazia em dezembro do ano passado, que contou com uma entrevista da mesma, porém as capas da revista só vieram à tona esse mês e decidimos repostar a entrevista! Confira aqui a entrevista completa e traduzida:
Há alguns anos Lana Del Rey tem uma fama desproporcional. Em 2014, ela voltou para a revista Grazia para uma conversa rara e exclusiva que rasga o véu do futuro sobre os planos para o próximo álbum e truques de celebridades em tempos de Instagram; Estrela insociável.
Há algo estranho em seus olhos, brilhando. Seus jeans rasgados na altura dos joelhos, um encanto inexplicável com sua presença. É impossível explicar o que acontece quando Lana Del Rey está perto de você. Ela cativa você da maneira que deveria. Mas isso não é tudo. Parece louco quando vemos ela posando para o ensaio de uma revista, frágil, mas persistente, fraca, mas confiante: Lana – grande hipócrita, que assombra o corpo de estrelas pop de 2010. E essa ambivalência torna-a capaz de qualquer coisa. E, de fato, é a única estrela que pode responder prontamente a nossa oferta de uma entrevista pouco louca no final do ano. O pedido enviado por SMS numa sexta-feira à noite, levou-nos a uma reunião, alguns dias depois, em algum lugar entre Los Angeles (onde vive), Nova Iorque (que vai freqüentemente) e Paris. Isto é, em Londres. Este é o país da liberdade da cantora: sua capacidade de controlar a sua agenda e para se desviar da mesma, se necessário. Decidimos não se apressar para se estabelecer e começar uma conversação. Que ela era capaz de dizer sobre si mesma o que quisesse, a partir do momento em que a confiança viria com ela. Nosso encontro poderia continuar dias, semanas, meses, para sempre. Durante a conversa, Lana lembra que, há dois anos, quando a conheci, ela disse-nos das suas mãos e unhas, que eram muito longas. E mostra que apenas cortou-às. Em seguida, ela desenha uma palma em um caderno, que fica diretamente em frente a ela, incluindo-nos um par de esboços das novas canções em seu telefone, então, pediu a nossa data de nascimento, disse que temos um signo do zodíaco, diz o escritor americano Geoana Daydone. Apesar de tudo isso, Lana nunca se revela totalmente. Sem dúvida, isso a torna ideal até mesmo para os jovens da atualidade. Ainda não atingiu os trinta anos, é uma típica representante de sua geração (ninguém sabe do que chamá-la – X, Y ou Z). Lana sabe que ela pode conversar com o público, que é melhor para se esconder; o que é possível postar em redes sociais e o que não é; ela canta sobre os detalhes íntimos da relação, para esconder a vida familiar. Em uma entrevista exclusiva, disse tudo sobre isso, falou de 2014, o lançamento de seu álbum Ultraviolence e, mais importante, sobre o anúncio de 2015. Esta é a primeira entrevista com ela por um longo tempo.
– Como foi o seu ano?
Incomum. Eu fiz exatamente o oposto: uma turnê de abril a junho, antes do lançamento do álbum, e então nada. Fiquei muito satisfeita com o disco Ultraviolence. Quando eu comecei a compor o álbum, alguma emoção eu senti, colocar os sentimentos no papel, e agora me faz pensar que eu tinha ido longe demais. Eles me colocaram em uma situação que eu não podia controlar, eu não queria controlar. Especialmente com os jornalistas da Rolling Stone, The Guardian e outras revistas que me fizeram a mesma pergunta: “Você quer realmente cometer suicídio?”, “Você realmente dormiu com todos para alcançar o sucesso?”. Obviamente, escrever uma canção como Fucked My Way Up To The Top, eu tinha que perceber que poderiam surgir tais questões, e eu tive que respondê-las, mantendo uma distância, dizendo apenas “não” e seguir em frente.
– Como você se sente agora sobre o álbum?
Tenho medo de que este álbum seja perdido. Eu estou sempre com medo de que as coisas boas sejam perdidas. Na música eu estou procurando algo diferente, versos majestosos, coros, inserções de orquestra, evocar a atmosfera dos anos cinquenta, com um toque de luz grunge. Desde março, eu voltei para o clássico, composição mais convencional: versos, refrões, com a influência da grande era do jazz. Eu gosto de misturar tudo. E então, no próximo ano, vou sair em turnê nos Estados Unidos. Anteriormente, eu fiz isso apenas uma vez, eu gostei muito, especialmente em cidades como Detroit, onde eu podia sentir a história na pele… Eu vou fazê-lo novamente, com Courtney Love, de maio a junho. Quanto ao meu novo álbum, está agendado para lançamento no final de agosto.
– Seu estilo de escrever muda para o próximo disco?
Eu sou fiel à minha personalidade, o meu humor, mas agora eu tento algo mais surreal, mais colorido. Agora eu tenho mais inspiração de artistas que de escritores – de pessoas como Mark Ryden, mas também por Fellini e Picasso. Eu estou ficando louca com um documentário sobre Fellini, grande mentiroso, afirmando que o diretor estava obcecado com a sua cidade natal e em seu filme a cada tentativa de visto para mencionar sua cidade. Eu gosto de sua idéia, o que é que nós não devemos permitir a verdade obscurecer? Você pode mudar o seu próprio passado.
– Algumas de suas canções podem ser sobre atmosfera dos anos cinquenta, cantores, orquestra cercaram a tarde da noite…
Sim, eu adoro esse tipo de textura. É por isso que eu me encontrei com Mark Ronson. Eu dei-lhe para ouvir dez músicas que gravei para o próximo álbum. Não só para tê-lo adicionado ao ingrediente típico – soul e funk. Mas sim para que ele estudasse o som para fechar a grande era do jazz. Eu não tenho vivido nos anos cinquenta, mas parece que eu estive lá. E, quando eu morava em Nova York, eu tive este sonho idealizado, eu não tenho nenhuma dúvida compartilhada com as outras meninas, eu queria um membro permanente do clube quando eu estava cantando algumas canções clássicas. Eu também tive uma visão muito romântica sobre cantores. Eu queria fazer uma turnê pela Europa, assim como Chet Baker, por exemplo.
– Tipo de história dramática, não é? Você se atrai pelo drama?
Nenhum drama me atrai. Entrei no jogo sem dramas. Mas a situação logo se tornou complicada.
– Você é fortemente apegada aos anos cinqüenta. Não é estranho a nostalgia por um período em que você não viveu?
Sim, e é por isso que eu tenho muito poucos amigos, mas tenho aqueles que, como eu, sentem uma conexão com o passado e o futuro simultaneamente. E é por isso que eu sou amiga de James Franco. Uma dessas raras pessoas com quem eu sinto uma conexão com os atores do passado, com a Califórnia nos anos sessenta, com a Nova Iorque dos anos setenta.
– Você cresceu em uma pequena cidade perto das Montanhas de Adirondack. Você frequenta o lugar de seu nascimento?
Sim… naquela casa haviam tantas memórias. É difícil voltar… eu voltei há duas semanas pela primeira vez em quatro anos. Meu quarto não mudou, ainda há o mesmo mural, mas agora tudo parece ser frio…
– Você já cantou a clássica The Other Woman, de Nina Simone, que fala sobre um triângulo amoroso. Mas você cantou de modo que não é claro a partir do ponto de vista que você seja. Quem é você: Uma mulher amante ou a esposa?
Eu sempre quis cantar essa música, eu a conhecia há anos. É interessante ver nela a ambigüidade… (Ela ronrona em seu microfone) Eu acho que eu sempre me vi como a outra mulher, eu sempre me senti a outra. Eu não quero estar na periferia das coisas, mas, na verdade, eu estou lá. Eu estou fora de voltas. Mesmo em um relacionamento amoroso, eu sinto que eu estou fora do que realmente está acontecendo. Eu nunca tive o papel de uma mulher normal, uma mulher legítima…
– Você se sente expectadora de sua vida?
Mais e mais. Agora, com a Internet, quando você se comunica com outras pessoas, tudo é diferente: as pessoas não vão só para estar com você no mesmo quarto, eles estão lá com tudo o que eles sabem sobre você, com tudo o que eles leram, viram em sua conta. Isto é evidente quando eu encontro alguém pela primeira vez.
– Você é realmente toda certa?
Certa? Eu quero que isso seja assim e sempre no meu coração. Se eu encontrar alguém que amo, eu o amarei, provavelmente para sempre. Emocionalmente, eu sou leal. Eu dou a minha confiança. Mas tenha cuidado. Porque eu posso ver imediatamente como levantar bandeiras vermelhas, assim que eu cruzar com uma nova pessoa. No geral, eu amo as pessoas que têm o mesmo humor, que não mudam uma pessoa. Eu não quero surpresas na vida.
– Você está no controle de muitas coisas?
Não, eu não controlo. Na verdade, sim! Controles! (Ela ri) Quando minha mente é o som ou a atmosfera, mesmo uma música muito simples, as vezes eu tenho que lutar para ter o que eu quero. Isso significa que o risco é que você não siga o seu humor, o que as vezes nos traz de volta ao que já foi feito e faz reaproveitar a roda. Eu não estou interessada.
– Você já sentiu que você interferiu com o perfeccionismo?
Durante todo o tempo. Por exemplo, em uma excursão. É difícil de executar essas músicas todas as noites.
– Você gostaria de largar tudo, começar do zero?
Sim, muitas vezes, mas eu não posso, eu sou famosa.
– Ser uma celebridade é um fardo?
Isso complica a transição para outra coisa, para outros interesses. Além da relação com a família, irmão, irmã, pais, toda a minha existência é agora pública. Até os meus telefonemas, tenho certeza de que, alguém ouve. Você não tem sequer a ideia de que alguém pode me enganar… Na verdade, além de minha imaginação e consciência, nada pode ser íntimo. [Ela ri] Eu sou muito modesta. Eu adoro jantar fora de casa, mas era impossível. Todo mundo tem um telefone, câmera… é estranho dizer, mas isso diariamente: fotos de mim mesma quando eu compro uma aspirina. A verdade é que quando eu comecei aos 20 anos, o mundo era diferente. Agora é difícil de ser calma. Eu sofri, mas eu tenho que ter cuidado. Lá fora, há um monte de pessoas estranhas! [Ela ri novamente] Eu sou cuidadosa. Eu estou flutuando em águas novas.
Adaptação e tradução: Gabriela Santos e Beatriz Nascimento | Fonte: VK